“O investigador confronta crianças de várias idades com a seguinte demonstração: une as mãos e, repetidamente, comprime as palmas uma contra a outra, produzindo uma ligeira corrente de ar que, habitualmente, colhe a criança de surpresa. O psicólogo pergunta então à criança qual será a origem desse ar. Um diálogo entre um menino de seis anos e meio e o psicólogo decorreu da seguinte maneira.
Psicólogo: - O que é que estou a fazer?
Criança: - A esfregar as mãos.
Psicólogo: O que é que tu ouves?
Criança: Um estalo.
Psicólogo: Porquê o estalo?
Criança: - Por causa das mãos.
Psicólogo: Que estão as mãos a fazer?
Criança: - Batem uma na outra e isso faz com que soprem.
Psicólogo: - E o que é que sopra?
Criança: - O vento.
Psicólogo: - Donde vem o vento?
Criança: - Das mãos.
Psicólogo. – E o vento das mãos?
Criança: - De dentro da pele.
Psicólogo: - Donde?
Criança: - Da carne que está por baixo.
Psicólogo: - E onde está esse vento?
Criança: - Pelo corpo todo.
O método de Piaget realça a flexibilidade e evita constranger os processos naturais de pensamento da criança. Portanto, Piaget não se interessa em padronizar as suas tarefas e perguntas. Duas crianças jamais são expostas a uma sequência idêntica de tarefas ou perguntas.”
HYMAN, R., Natureza da Investigação Psicológica, Zahar, 1967
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